quinta-feira, 19 de dezembro de 2013

Casamento

No dia 04/01/2014 estarei casando em Giruá- RS com Jorge Fernando, deficiente visual.
O casamento é a realização de um sonho.
Durante 10 meses nos envolvemos na organização do grande dia.
Fizemos os convites em Braille.
Pensamos em cada detalhe com muito carinho.
Participamos ativamente da organização de nosso casamento, não colocamos a responsabilidade da realização de nosso sonho nas mãos de nossos pais, fizemos questão de contatar os fornecedores dos serviços e contratar o serviço que mais nos agradou, seja pela qualidade do serviço prestado no mercado, mas principalmente pelo maravilhoso atendimento recebido.
Acredito, que o resultado final será maravilhoso, pois participei da elaboração do cerimonial, escolhi a decoração dos meus sonhos, consegui encontrar o vestido que sempre desejava.
O principal aspecto que pensamos em ter em nosso casamento foi a audiodescrição..
Contatei a "Tagarellas Produções" que faz audiodescrição e conseguimos que este recurso seja realizado para que possamos saber se tudo que pensamos deu certo e ficou bonito.
Nossos convidados cegos poderão ver através das palavras tudo que antes passava despercebido sem a audiodescrição.
Estou muito feliz e na espectativa de ver nosso sonho realizado.
Depois do casamento estarei postando todos os detalhes do big day!
Contarei a vocês meus queridos leitores sobre como é meu vestido de noiva, a cor da decoração, cerimônia e festa, no momento tudo é segredo e surpresa para os convidados.
Desejo que continuem acessando meu blog para saberem como foi meu dia de princesa e como tudo estava lindo!

terça-feira, 10 de dezembro de 2013

Uma cidade maravilhosa

Uma Cidade Maravilhosa: deficiente em Cidadania

Siro Darlan

A ONU escolheu o dia 3 de dezembro como o dia internacional do deficiente físico. É considerada deficiência física qualquer limitação no aspecto físico das pessoas. Estima-se, portanto, que haja 1 bilhão de deficientes no planeta, e no Brasil 24% da população, ou 45,6 milhões de brasileiros.
Uma das obrigações primordiais do poder público em respeito à Constituição é assegurar a dignidade da pessoa humana. A acessibilidade e mobilidade não é um problema de lei, já que elas existem, mas da decisão política dos administradores de cumpri-las e garantir que as pessoas diferentes tenham direitos iguais. As pessoas com deficiência devem ser inseridas em todos os contextos, uma vez que está ultrapassado o tempo em que as pessoas diferentes eram isoladas da sociedade.
O Rio de Janeiro, que se prepara para sediar os grandes eventos esportivos com a presença de cerca de 4 mil atletas paraolímpicos, ainda se constitui num verdadeiro desafio para os deficientes físicos, particularmente no que se refere à acessibilidade. Com cerca de 486 mil pessoas com algum tipo de deficiência motora no município, 91% dos domicílios urbanos sequer possuem rampas para cadeirantes.
Uma cidade que vive à base da "ordem pública" não dá conta de outros problemas para as pessoas com deficiência, como carros estacionados em calçadas, árvores impedindo a passagem, presença de lixo e bancas de ambulantes, desníveis nas calçadas, buracos, diferentes obstáculos (fradinhos, canteiros, postes) que dificultam o percurso dos cadeirantes. Além de vagas destinadas exclusivamente a deficientes, que são ocupadas indevidamente.
O governo federal Plano Viver Sem Limites, dentre outras providências, abriu espaço para a participação das pessoas com deficiência na cidadania, dirigindo-se aos Conselhos Tutelares, Ministério Público, Centro de Referência de Assistência Social (Cras) para corrigir possíveis omissões no cumprimento de objetivos legais. O referido PVSL procura dar condições aos deficientes para que se integrem à sociedade buscando a superação de barreiras sociais e econômicas e fortalecendo sua autonomia, criando, também, facilidades para que se insiram no mercado de trabalho através de programas de qualificação profissional.
A Cidade Olímpica, para ser efetivamente Maravilhosa, precisa avançar muito no respeito à cidadania dos diferentes cidadãos.
*Siro Darlan Oliveira, desembargador do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, é membro da Associação Juízes para a democracia.

Audiodescrição na Copa do Mundo

Quatro arenas da Copa terão narração audiodescritiva para pessoas com deficiência visual

O novo Maracanã será o local da cerimônia de encerramento da Copa do Mundo 2014. Importância maior para as questões de acessibilidade.
A audiodescrição é semelhante a uma narração de rádio, mas com ênfase na experiência do torcedor no estádio. Serviço estará disponível em Belo Horizonte, Brasília, Rio de Janeiro e São Paulo.
O secretário-geral da FIFA, Jérôme Valcke, anunciou durante a divulgação dos procedimentos do Sorteio Final para a Copa do Mundo de 2014, um novo serviço de narração audiodescritiva que estará disponível em quatro estádios do Mundial. O objetivo é permitir que torcedores com deficiência visual desfrutem do evento. De acordo com a FIFA, o serviço estará disponível no Mineirão, em Belo Horizonte, no Estádio Nacional Mané Garrincha, em Brasília, no Maracanã, no Rio de Janeiro, e na Arena Corinthians, em São Paulo.
Cada jogo terá dois profissionais para fazer a narração, que será transmitida por audiofrequência e poderá ser captada em fones de ouvido individuais.
Desse modo, os torcedores cegos ou com visão subnormal poderão sentar em qualquer lugar do estádio. A audiodescrição é semelhante a uma narração de rádio. A experiência de estar no estádio, no entanto, é a ênfase do serviço. O narrador treinado especificamente para a função descreve todas as informações visuais mais significativas, como linguagem corporal e expressão facial de jogadores, técnicos, árbitros e torcedores, além de identificar os uniformes e o ambiente das arenas. Quatro voluntários de cada cidade-sede que receberá o projeto serão treinados em um programa de descrição em áudio.
Os equipamentos de narração instalados em cada estádio serão doados para entidades locais selecionadas para fazer parte do legado do projeto e poderão ser usados após o Mundial. Duas Organizações Não Governamentais (ONGs) são responsáveis pelo projeto: o Centro de Acesso ao Futebol na Europa (Cafe) e a Urece Esporte e Cultura, organização brasileira que trabalha com pessoas que têm diversos tipos de deficiências visuais.
O serviço faz parte da estratégia de acessibilidade. O objetivo é criar um legado de impacto duradouro no Brasil após a Copa.
Fonte: Portal da Copa

sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

Faça sua parte

Aceite e respeite as pessoas com deficiência.
Não julgue uma pessoa com deficiência sem antes entender sua deficiência.
Contribua com a inclusão destas pessoas no mercado de trabalho e na sociedade.
Coloque-se no lugar do outro para entender a realidade vivida pelas pessoas que tem alguma deficiência
Cada um fazendo sua parte teremos uma verdadeira "Terra Inclusiva"!

quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

Bengala

Há 5 anos que utilizo a bengala, ganhei muita independência ao começar a usá-la.
Sinto-me realizada em poder ir aos lugares sem depender das pessoas, saber onde estou indo e fazer tudo por mim.
Com a bengala vou para o trabalho, mercado, farmácia, hospital, médicos, restaurantes etc...
Atualmente me sinto segura em ter a bengala na mão, não me imagino sem ela, pois faz parte de minha vida.
Enfim, sou como um pássaro que voa livremente!
Vocês cegos que não utilizam a bengala, sugiro que comecem a usar, pois ela facilitará muito a vida, trará muita autonomia e liberdade.

Prevenção da cegueira

Atualmente muitas doenças podem ser detectadas precocemente, pois com o aumento da qualidade da informação, dos avanços tecnológicos e da ciência médica, tornou-se possível prevenir e tratar doenças oftalmológicas que há pouco tempo eram consideradas incuráveis.

Para isso, o Hospital Banco de Olhos (POA) oferece o Centro de Consultas, serviço que proporciona consultas para pacientes particulares e de convênios, com estrutura de 14 consultórios e médicos das diversas subespecialidades da oftalmologia.

Etapas para verificar e acompanhar a saúde da visão:

Ao realizar uma consulta de rotina ao especialista, o indivíduo passa por uma série de etapas, realizadas rapidamente, para identificar possíveis problemas de visão. É nessa oportunidade que a qualidade de vida poderá ser preservada.

1º. Verificar a acuidade visual e medida refracional: É o exame que possibilita a identificação de erros de refração da luz nos olhos, responsáveis pela miopia, hipermetropia ou astigmatismo, que impossibilitam uma visão perfeita sem óculos ou lentes de contato. A medida refracional é a medida do grau.

2º. Examinar a motilidade ocular: Detecta o estrabismo, que ocasiona visão dupla, e/ou baixo desenvolvimento do olho desviado, dores de cabeça ou ainda a presença de doenças oculares, endócrinas ou cerebrais. A avaliação é realizada através do oclusor manual ou do reflexo luminoso corneal, solicitando que o paciente fixe o olhar num ponto.

3º. Observar o fundo do olho: O procedimento pode identificar doenças sérias como tumores, descolamento de retina, retinopatia diabética, uveítes, entre outros problemas do organismo como hipertensão arterial, diabetes, leucemia, inflamações reumáticas, tuberculose, toxoplasmose e desequilíbrios da tiróide. A observação é feita com uma lente especial e com a pupila dilatada com a utilização de um colírio aplicado pelo oftalmologista.

4º. Medir a pressão intra-ocular: É realizado um exame chamado tonometria que é capaz de detectar o glaucoma.

Para manter a saúde da visão, alguns cuidados importantes:

Raios Ultravioleta: Os efeitos da radiação ultravioleta são cumulativos e oferecem risco do desenvolvimento de doenças oftalmológicas. É aconselhável o uso de óculos escuros com proteção adequada aos olhos contra a radiação ultravioleta (UVA e UVB) não apenas durante o verão, e sim durante todo o ano. Para as crianças, valem as mesmas regras dos adultos, o uso de óculos escuros de boa qualidade.

Automedicação: O perigo desta prática para a visão é grande. Muitas vezes remédios não prescritos pelo oftalmologista causam novas doenças, mascaram os sintomas da real moléstia ou, ainda, não têm efeito nenhum, fazendo com que o incômodo e o mal estar do paciente persistam. Sem a devida indicação médica, a única coisa que se pode passar nos olhos é água limpa.

Computador: O uso inadequado do computador pode provocar danos à saúde da visão. Uma longa exposição em frente à tela do computador pode ocasionar a fadiga visual que pode se manifestar com olhos irritados ou vermelhos, sensação de ressecamento ou cansaço, olhos lacrimejantes, coceira, sensibilidade à luz, dificuldade de conseguir foco, visão de cores alteradas, halos ao redor dos objetos, visão embaçada ou dupla, entre outras.

Maquiagem: A qualidade dos produtos ajuda a evitar problemas com alergias. A data de validade deve ser observada, pois o crescimento de bactérias pode causar problemas oculares. Cuidar para não deixar que a maquiagem entre nos olhos, evitando o surgimento de infecções oculares.

Leitura à noite: A má iluminação ou excesso de luz causam cansaço visual, portanto para quem lê ou estuda à noite é necessária uma boa iluminação. Considera-se que a lâmpada com potência de 60 watts esteja a uns 40 ou 50 centímetros acima da cabeça, e que em caso de utilização da escrita, a luz incida pelo lado contralateral à mão que escreve.

quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

Leitores de tela para cegos

JAWS

O JAWS(Job Acess With Speech) é sem dúvida o principal leitor de telas do mercado. Desenvolvido pela Freedom Scientific o software é considerado por muitos o melhor e mais completo leitor de telas para plataforma Windows. Atualmente na versão 15, o sofware permite aos usuários cegos ou com baixa visão acesso quase que total as principais funcionalidades do sistema, desde manipulação de pastas e arquivos, configuração e personalização do sistema, criação e edição de documentos no pacote de escritório Office, navegação em sites da internet, entre outras funcionalidades.

NVDA

O NVDA (Non Visual Desktop Access ) é um leitor de telas gratuito e de código aberto, ou seja, é um software totalmente livre de custos. Este leitor está evoluindo a passos largos. Uma característica que garante um grande diferencial ao NVDA é o fato dele não precisar ser instalado no sistema, podendo ser levado em um pendrive, cd ou qualquer outro disco removível.

Orca

Assim como o NVDA, o Orca também é um sofware gratuito e de código aberto. O diferencial aqui é que ele roda em Sistema Operacional Linux. O Orca além de leitor de telas é também um ampliador de telas, possibilitando ao deficiente visual a utilização de apenas um programa para tornar o sistema acessível. Falando em sistema acessível, o Orca já vem instalado como recurso de acessibilidade padrão em algumas distribuições Linux, permitindo assim que o deficiente visual instale o sistema sem o auxílio de um vidente.

Divulgando

Aplicação do CPqD para deficientes visuais já está disponível para download.

CPqD Alcance pode ser baixado gratuitamente na loja Google Play.

- A solução CPqD Alcance, desenvolvida com o objetivo de facilitar o uso de dispositivos móveis por pessoas com deficiência visual, já está disponível para download gratuito na Google Play, a loja online de aplicativos da Google. Disponível para smartphones com tela sensível ao toque baseados no sistema operacional Android (a partir da versão 4.x), a aplicação do CPqD utiliza recurso de narração automática por síntese de voz para facilitar o acesso do usuário às principais funções do aparelho. Essas funções são representadas por ícones na tela touchscreen do smartphone. Na medida em que a pessoa desliza o dedo sobre a tela, uma voz sintetizada informa a função correspondente àquela área. Com mais um toque, o usuário tem acesso à função: realizar e receber ligações, enviar e receber mensagens de texto (SMS), consultar o histórico de ligações, o nível de bateria, a data e hora e a lista de contatos telefônicos, entre outras. Além dessas funções básicas, o CPqD Alcance oferece também algumas funções avançadas, como despertador (com lembrete de voz), localização e auxílio ao deslocamento, tocador de música e leitor de arquivos de texto, por exemplo. "A intenção é facilitar o uso dos principais recursos do smartphone, dando mais autonomia e privacidade à pessoa com deficiência visual", explica Graziela Barros, gerente de produto no CPqD. A aplicação é resultado do Projeto VozMóvel, desenvolvido pelo CPqD em parceria com o Centro de Prevenção à Cegueira (CPC) de Americana, com o apoio de recursos do Fundo para o Desenvolvimento Tecnológico das Telecomunicações (Funttel), do Ministério das Comunicações, administrados pela Finep. "A parceria com o CPC é um diferencial importante, porque permitiu identificar as reais necessidades dos deficientes visuais e a sua participação no próprio desenvolvimento e teste da solução", afirma Claudinei Martins, coordenador do Projeto VozMóvel - que, em 2012, recebeu o Prêmio ARede na categoria Acessibilidade. Mais autonomia ao deficiente visual. Em fevereiro do ano passado, o CPqD iniciou um teste piloto com nove pessoas atendidas pelo Centro de Prevenção à Cegueira, que receberam smartphones com a aplicação instalada para serem utilizados no seu dia-a-dia. "O intuito era avaliar a usabilidade da aplicação e receber sugestões de melhorias", explica Martins. Recentemente, uma pesquisa aplicada a esses usuários revelou que o nível de satisfação com a solução é alto. Foram avaliados cinco quesitos, sendo que a média das notas atribuídas em cada um foi superior a 9,4 (a pontuação máxima era 10). "O aspecto da autonomia em relação ao uso do smartphone foi o mais relevante, em termos de resultado", comenta o coordenador do projeto. Além disso, a pesquisa avaliou os quesitos melhora da privacidade, da interação social, do uso do celular e da qualidade de vida. O foco inicial do CPqD Alcance são as mais de 6,5 milhões de pessoas cegas ou com grande dificuldade permanente de enxergar existentes no Brasil, de acordo com o Censo 2010 do IBGE. Mas essa aplicação do CPqD pode beneficiar também outros usuários de smartphones, como pessoas com baixo letramento ou pouco familiarizadas com tecnologia - como idosos, por exemplo.

Para fazer o download gratuito do CPqD Alcance, basta entrar na loja Google Play, no seguinte endereço eletrônico: https://play.google.com/store/apps/details?id=br.com.cpqd.alcance&hl=pt_BR .
Sobre o CPqD.
O CPqD é uma instituição independente, com foco na inovação em tecnologias da informação e comunicação (TICs). As soluções do CPqD são utilizadas por empresas e instituições no Brasil e no mercado internacional, em setores como comunicação e multimídia, utilities, financeiro, industrial, corporativo, administração pública e defesa & segurança. Atuando há 37 anos, o CPqD conta com mais de 1.300 profissionais altamente capacitados, reconhecidos por sua criatividade e comprometimento com elevados níveis de qualidade. Possui hoje o maior programa de P&D da América Latina na sua área de atuação e tem como objetivo contribuir para a competitividade do País e a inclusão digital da sociedade, levando ao mercado tecnologias de produto, sistemas de missão crítica, serviços tecnológicos e consultorias que beneficiam grandes e pequenas empresas, aumentando a eficiência desses negócios e alavancando o empreendedorismo no Brasil.

segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

Dica do dia

Se você encontrar um cego na parada de ônibus, por gentileza pergunte que ônibus ele deseja.
Muitas vezes estamos na parada tentando saber que ônibus está chegando e as pessoas tem dificuldade para se comunicar conosco, ou seja, apenas basta dizer o nome do ônibus que parou em frente da parada de ônibus que ficaremos muito grato.

sexta-feira, 29 de novembro de 2013

Compartilhando o desabafo do Vanderlei

CEGOS FEIOS, SUJOS E MALVADOS

Postado por Lucia Maria em novembro de 2013

O desabafo vem do Vanderlei, 59 anos, morador de uma cidadezinha de Minas Gerais e cego há quase vinte anos depois de um grave acidente de trabalho como mergulhador em uma plataforma de petróleo:

"Quando fiquei cego, a dor de não enxergar foi menor do que a dor de ser banido, excluído da sociedade. Perdi tudo: mulher, amigos, emprego. O mundo deixou de ser um bom lugar para mim. Virei alguém menor e descartável. Não era mais considerado igual aos outros. Briguei sozinho e durante muito tempo por direitos básicos para no final conseguir apenas ser chamado de radical, chato, mala e xiita. Ainda assim, tenho orgulho de minha única vitória: o legado que deixei a minha filha, hoje uma grande lutadora pela acessibilidade".

Entre o bom humor e a melancolia, o Vanderlei desfia histórias de discriminação e humilhações semelhantes às de milhares de cegos, com a diferença de não deixar barato nunca:

"Quase fui preso uma vez por avançar em um safado de um vereador! Mas depois de tantos anos tentando ser ouvido, tentando mudar as coisas, quem é que não perde a paciência?

Vou te dizer uma coisa, se eu fosse mais jovem, ia até São Paulo e ficava pelado ao meio-dia de uma sexta-feira em frente ao MASP, na avenida Paulista, que hoje em dia é assim que se chama a atenção. Não tem aquelas meninas lindas do FEMEN? Mostram os peitos e na hora viram manchete no mundo inteiro. Então, o ceguinho pelado pode não ser um espetáculo tão bonito, mas que eu ia falar no Jô, na Marília Gabriela e no Fantástico, ah, isso eu ia!".

O relato do Vanderlei ilustra bem o que vemos diariamente: de um lado, a omissão do poder público, o descaso da sociedade e o inexplicável silêncio e os braços cruzados dos cegos diante de históricos abusos e desrespeito; de outro, a luta árdua de no máximo meia dúzia de gatos-pingados, os radicais e xiitas, assim chamados porque denunciam o não cumprimento de seus direitos fundamentais com todas as letras e sem concessões. Já são muito poucos e a forma com que lutam, com contundentes opiniões e cobranças, acentua ainda mais o contraste. Postura comum e muito melhor compreendida quando vem de videntes reivindicando ou denunciando alguma coisa; de emails, artigos, entrevistas inflamadas, concentrações e passeatas nas ruas até invasões de órgãos públicos e barreiras de fogo bloqueando estradas, fazem com que as manifestações destes cegos pareçam amenas conversas ao redor de uma mesa de chá às cinco da tarde.

Fora que a luta de videntes encontra muitos e variados espaços de discussão em todo o país, o que também não acontece quando o assunto é deficiência e muito menos quando é a visual. No caso dos cegos chamados de radicais e xiitas, é só chegar mais perto, ouvi-los, acompanhar suas discussões em fóruns virtuais para constatar o que realmente importa:

sua luta é justa, legítima, limpa - frequentemente e muito convenientemente ignorada, mas raramente contestada.

Só para citar uma discussão recente, como aceitar calados o não cumprimento da lei federal do ano 2000 que prevê a instalação de semáforos sonoros nas cidades brasileiras, dispositivos básicos, de fundamental importância para quem é cego? São Paulo só tem dois! Vale a pena destacar um trecho de entrevista concedida a este blog pelo jornalista e radialista carioca Marcus Aurélio de Carvalho, baixa visão, com quase trinta anos de carreira em rádios, até o ano passado gerente executivo da Rádio Globo São Paulo e afiliadas: "...Pode perceber como semáforos sonoros neste país só existem em frente a instituições para cegos. A mensagem clara é: pode ir estudar! Vai entrar pela porta do ônibus que não paga, chegar com segurança, ficar só com quem é parecido com você e depois voltar para casa! E se o cego se apaixonar e quiser ir a um motel? Ah, aí não dá, porque lá não tem semáforo com sinal sonoro (risos)... E se quiser tomar um chopp? A mesma coisa, só vai se for levado por alguém que enxerga".

Será que os cegos sentem-se satisfeitos, respeitados e atendidos na defesa de seus direitos por secretarias de governo e organizações criadas para representá-los? Ou parecem mal saber para que servem?

Existem eficientes políticas públicas para a acessibilidade da pessoa com deficiência visual?
Há punição para o descumprimento de leis?
Será que estão contentes com a altíssima tributação sobre a tecnologia assistiva?
Compram seus livros acessíveis das editoras ou pegam emprestados das bibliotecas públicas, como fazem os videntes que não têm dinheiro para comprá-los?
A resposta é, invariavelmente, não.

Enquanto isso, assistimos este ano à choradeira emocionada por conta de um tratado internacional que beneficiaria o acesso dos cegos aos livros, notícia reproduzida e comemorada sem que ninguém soubesse o que era - aliás, até hoje não foi divulgada uma única linha informando com clareza o conteúdo do acordo! E foi cego chorando no twitter, o cantor e compositor Stevie Wonder chorando em cima de um palco, toda uma comoção pelo que já era esperado: o fortalecimento ainda maior do monopólio das instituições para cegos sobre o livro acessível. Isso, sim, é de chorar!

E, para citar mais um episódio recente, o veto à ampliação da audiodescrição na televisão brasileira, que nem com reza brava sai de algumas míseras horinhas semanais de programação nas emissoras abertas, justamente na TV, a principal forma de lazer do brasileiro e, portanto, o veículo que permitiria o acesso muito maior da maioria dos cegos do país à informação, à cultura, à diversão.

Um amigo cego diz que a última grande revolução na vida de quem tem deficiência visual chama-se leitor de tela e não teve nenhum dedo do governo ou de qualquer instituição assistencialista. Com exceção da Convenção da ONU sobre os direitos das pessoas com deficiência, não temos muito o que comemorar em conquistas significativas no presente, daí, então, a exaltação contínua ao passado de vitórias que, embora louváveis e de extrema importância, principalmente pela união e garra nunca mais vistas, foram um primeiro passo. Na falta de bons projetos, eis que governantes vão ainda mais longe no tempo e dizem à exaustão em palestras que "avançamos muito, porque até pouco tempo atrás as pessoas com deficiência eram atiradas em rios, poços ou precipícios". Ou esta, totalmente vaga e também repetida feito um mantra: "Aos poucos, vamos conquistando o que é preciso." Os cegos radicais e xiitas assim são chamados porque vão muito além das belas frases e mensagens de otimismo e esperança, inconsistentes e tolas quando desacompanhadas de ações efetivas e por estas, sim, são eles os únicos a lutar.

quinta-feira, 28 de novembro de 2013

Atitude preconceituosa

Cego andando de táxi

Durante várias entrevistas de trabalho fui questionada se vou ao trabalho de táxi ou ônibus.
Óbviamente vou ao trabalho de ônibus, pois não recebo salário de deputado ou senador, mas me indiguino desta pergunta, pois pensso que estas pessoas acham que nós devemos em dia de temporal, por exemplo, ficar vulneráveis a tomar um raio na cabeça, cair numa vala ou bueiro aberto nessa cidade tão acessível!
Imagino que estas pessoas penssam que não adoecemos e se adoecemos lá vem outro preconceito que não cabe aqui comentar.
Atualmente, percebe-se o grande crescimento do número de automóveis nas ruas e me pergunto porque estas pessoas não pegam ônibus como nós?
Gostaria que os recrutadores vendassem os olhos em dia de chuva e saíssem com uma bengala num dia com vento tempestuoso e barulho ensurdecedor em meio do trânsito agitado dessa cidade, para entenderem nossa realidade.
Acredito, que a partir dessa atitude entenderão nossa situação.
No entanto, já basta não poder dirigir um carro, mas agora recriminarem usar um táxi é deprimente!

quarta-feira, 27 de novembro de 2013

Preconceito

Gostaria que o preconceito não existisse., mas lamentávelmente em pleno 2013 vivemos tal realidade.
No mercado de trabalho encaramos essa situação de frente, pois temos que provar por a e por b que somos capazes, nossa palavra vale menos que a de pessoas não esclarecidas sobre as deficiências.
Nossa qualificação é julgada horrores e quando nos oferecem salários são inferiores a nossa formação. Posteriormente, se não aceitamos as ofertas, comentam que não há pessoas qualificadas no mercado, no entanto, o que vivemos é uma inclusão sobre a exclusão, onde o que prevalece é o preconceito, pois as pessoas com deficiência não são valorizadas financeiramente como as demais sem deficiência.
A verdade é que a maioria das empresas empregam pessoas com deficiência para cumprir uma cota, esta se não cumprida vai gerar uma penalização por parte das autoridades fiscalizadoras, sendo assim, agem com caridade empregando alguns deficientes por pouca coisa para esconder o preconceito que mora em suas instituições.
Enfim, ninguém pediu para nascer com uma deficiência, nem quiz adquirir a mesma, precisamos que nos olhem como pessoas, independente da condição especial que possuímos, acabando com o preconceito que assombra nossas vidas!

quinta-feira, 24 de outubro de 2013

Filho com deficiência

Se tiver um filho com deficiência não desanime, não será o fim do mundo, será o começo de uma luta por superação.
Trará muitas alegrias, não será uma decepção, só precisará de muito amor, carinho, atenção e dedicação, pois os frutos vocês colherão juntos!

quinta-feira, 26 de setembro de 2013

quinta-feira, 12 de setembro de 2013

Oportunidade de trabalho

Olá, pessoal!
Em 2008 recebi em Giruá- RS a ligação do Oneide que trabalhava no SINE de POA, o mesmo havia encontrado o meu currículo no SINE de Santa Rosa- RS.
O Oneide perguntou se gostaría de trabalhar e na hora a resposta foi sim.
A partir deste momento minha vida mudaria para sempre.
Em setembro de 2008 vim para POA fazer várias entrevistas de trabalho.
Em outubro comecei a trabalhar em POA.
Atualmente, estou trabalhando em uma empresa de TI, em outubro vou completar 5 anos morando nesta cidade maravilhosa, tendo a certeza de que lutar pelos sonhos vale a pena!

sexta-feira, 6 de setembro de 2013

Dica do dia

Nunca estacione seu carro em sima da calçada.
A calçada foi feita para os pedestres caminhar.
Deixando o carro na calçada você estará atrapalhando a mobilidade dos cegos.
Tenha cuidado também ao sair com seu carro da garagem, pois certo dia um motorista atropelou minha bengala, sorte que não foi eu, pois o mesmo nem parou para perguntar se precisava de ajuda, mesmo estando destruida minha companheira de todos os dias!
Cuidado quando ver uma pessoa cega caminhando é importante, mas respeito é muito mais!

quinta-feira, 5 de setembro de 2013

Escrita braille

É um sistema de leitura com o tato para cegos inventado pelo francês Louis Braille no ano de 1827 em Paris.
O Braille é um alfabeto convencional cujos caracteres se indicam por pontos em alto relevo. O deficiente visual distingue por meio do tato. A partir dos seis pontos relevantes, é possível fazer 63 combinações que podem representar letras simples e acentuadas, pontuações, números, sinais matemáticos e notas musicais.
Louis Braille perdeu a visão aos três anos. Quatro anos depois, ele ingressou no Instituto de Cegos de Paris. Em 1827, então com dezoito anos, tornou-se professor desse instituto. Ao ouvir falar de um sistema de pontos e buracos inventado por um oficial para ler mensagens durante a noite em lugares onde seria perigoso acender a luz, ele fez algumas adaptações no sistema de pontos em alto relevo, e em 1829 publicou o seu método.
Sendo um sistema realmente eficaz, por fim tornou-se popular. Hoje, o método simples e engenhoso elaborado por Braille torna a palavra escrita disponível a milhões de deficientes visuais, graças aos esforços decididos daquele rapaz há quase 200 anos.

Inclusão digital

Realizei curso de informática para cegos no SENAI, mas só tive acesso a computador em casa em 2007.
O computador foi muito importante em minha vida, pois deu maior autonomia diante dos estudos, tendo condições de ler livros e acessar materiais da internet sem depender da minha família.
Atualmente, curso a pós-graduação Pedagogia Empresarial e Educação Corporativa em igualdade de condições, devido o computador facilitar o acesso a livros e materiais digitais.
Durante a graduação não consegui espandir muito meus conhecimentos devido utilizar somente o Braille e depender das pessoas que enchergam para ter acesso a leitura.
No momento, estou realizada podendo fazer leitura de livros com independência, acessar a internet e fazer parte das redes sociais em igualdade de condições!

sexta-feira, 30 de agosto de 2013

Cursar História

O desejo de cursar História surgiu devido gostar de ler, escrever e por ser um curso acessível a minha deficiência.
Em 2002 passei no vestibular da UNIJUÍ Campus Santa Rosa e comecei a estudar História.
Foi muito importante frequentar a universidade, pois fui bem recebida pelos colegas o que fez fortalecer minha aceitação como pessoa cega.
A UNIJUÍ não estava preparada para me receber, desta forma solicitei o apoio de uma monitora, a partir deste momento surgiu a sala de apoio aos cegos e surdos.
Na UNIJUÍ não havia livros em Braille, desta forma as monitoras realizavam a leitura de livros para mim.
A família também foi muito importante nesse período, pois devido o grande número de textos e livros para ler auxiliava na leitura.
Nessa época não sabia informática, nem possuía computador adaptado em casa, sendo assim realizei toda a graduação através do Braille.
Cursar História foi maravilhoso, adquiri novos conhecimentos, conheci novas pessoas, oportunizando as interações, mostrando que as pessoas cegas tem condições de estudar e ter uma vida igual a todos.

Frase do dia

Nunca devemos deixar nossos medos atrapalhar nossos sonhos.

quarta-feira, 28 de agosto de 2013

Percurso estudantil

Durante meu percurso no Ensino Fundamental possuía baixa visão e vivenciei constrangimentos causados por práticas pedagogicamente incorretas: ser orientada a localizar informações em mapas expostos no mural da sala de aula, situação acompanhada pela repreensão da professora, pelo fato de não conseguir atender à sua expectativa e chacotas de colegas insensíveis à minha deficiência.
Necessitava de materiais com letra ampliada, no entanto, nada era adaptado para minha realidade.
Realizei muitas provas com grande dificuldade para enxergar o que estava escrito, pois a letra era pequena, prejudicando minha leitura. A maior dificuldade encontrei nas disciplinas de matemática, física e química.
Durante o percurso no Ensino Médio passei pela transição da baixa visão para a cegueira.
Se com a baixa visão os professores não atendiam minhas solicitações de prova ampliada por exemplo, com a cegueira muitas situações complicaram-se mais. Os professores, sem aviso prévio, apresentavam materiais em vídeo legendado, sem a devida tradução oral dos mesmos. À época, sentia-me entristecida, mas, por não saber me defender, propor alternativas ou lutar por meus direitos, mantinha-me passiva ante a situação.
Nas disciplinas de matemática, física e química meu irmão adaptava os gráficos por exemplo com lã e grãos de feijão para tentar me ajudar a entender os cálculos, pois alternativas eram negligenciadas pelos professores.
Na escola não havia livros em Braille nem computador adaptado, sendo assim minha família auxiliava na leitura de livros.
Sinceramente, me senti mais feliz ficando cega, pois não havia mais dúvida de minha deficiência ao contrário de quando tinha baixa visão que os professores não entendiam que necessitava de um atendimento especial.
No entanto, acredito que possuir baixa visão é mais complicado que ser cego, as pessoas não nos compreendem, com a cegueira aprendi a lutar por meus direitos e mostrar que temos condições de atingir horizontes mais altos, apenas utilizando recursos específicos a nossa deficiência.

Documentário Olhares

Assista o documentário Olhares que fala do acesso a cultura por pessoas cegas e de baixa visão.
http://www.youtube.com/watch?v=GGgcBL6rRVE&feature=youtu.be

Dica do dia

As interações sociais são essenciais ao desenvolvimento humano, sendo assim, a pessoa com deficiência deve estudar e trabalhar para desenvolver suas potencialidades.

Cega ou deficiente visual?

Para mim ser chamada de cega ou deficiente visual é indiferente, mais importante é ser aceita como sou.
Há questionamentos mais relevantes que devem ser realizados no momento, como por exemplo:
Se meu filho nascer com deficiência estou preparado para recebê-lo?
Se adquirir uma deficiência a sociedade está pronta para me receber?

A escrita Braille

Em outubro de 1999 fui ao IMEAB de Ijuí- RS para aprender a escrita Braille.
Aprendi a nova escrita em dois meses.
Conhecer os cegos do IMEAB foi muito importante em minha vida, pois me motivaram a continuar estudando.

A cegueira na minha vida

Acordei cega no dia 19 de agosto de 1999, aos 16 anos.
A partir deste dia minha vida mudou para sempre.

quinta-feira, 22 de agosto de 2013

Baixa visão

Nasci com baixa visão devido a Vítreo Retinopatia Exudativa Familiar.
Com 12 anos fui informada por um oftalmologista de Curitiba- Paraná que iria ficar cega, pois não havia cura, no entanto, não sabia quando aconteceria.

quarta-feira, 21 de agosto de 2013

Semana Nacional da Pessoa com Deficiência!

A pessoa com deficiência não deve ser somente lembrada ou reconhecida na Semana Nacional da Pessoa com Deficiência, deve ser valorizada, respeitada e principalmente aceita por toda sociedade todos os dias!

Frase do dia

Perdi a visão, mas não perdi os sonhos e a alegria de viver!

domingo, 18 de agosto de 2013

Terra Inclusiva!

Olá, prezados leitores!
Sou Carlise, deficiente visual, graduada em História,pós-graduada em Pedagogia Empresarial e Educação Corporativa.
Sou Coach e estou caminhando para ser Master Coach.
Moro em POA- RS, sou casada com Jorge Fernando e mãe da princesa Natália.

O blog Terra Inclusiva tem o objetivo de compartilhar minha experiência de pessoa com deficiência.
Desejo que as informações aqui citadas promovam o seu crescimento pessoal sobre as pessoas com deficiência visual.
Desta forma, espero que o Terra Inclusiva seja um instrumento motivador da construção de uma "Terra mais Inclusiva".
Enfim, acompanhe o blog Terra Inclusiva e compartilhe com seus familiares e amigos suas aprendizagens!